REFLEXÕES SOBRE O EMPREENDEDORISMO INTERNACIONAL

O empreendedorismo pode ser resumido como a arte no manejo de oportunidades e soluções, combinando esforço, ousadia e bom senso para gerar valor e retorno. Independente do porte e do setor da economia, um empreendimento promissor traduz uma inovação, um diferencial, um novo olhar para uma demanda antiga ou uma nova forma de atender uma expectativa latente do mercado.

 

  

 

Há uma crença de que para ser um empreendedor bem-sucedido, é necessário ter uma aptidão inata e dispor de grandes somas. Na realidade, empreendedorismo é uma competência que pode ser desenvolvida com conhecimento e aprimorada com a experiência; já o valor do investimento depende da realidade de cada país.

Essa não é a única crença a ser desmitificada – dada à sua inerente complexidade, a internacionalização pode parecer ameaçadora para a maioria, sobretudo quando há dúvidas e mitos a serem neutralizados para um voo mais seguro. O quadro abaixo faz uma breve leitura dessas crenças e apresenta algumas vias para desconstrução:

 

 

O empreendedor agrega muito à economia e beneficia a sociedade quando seus produtos e serviços atendem aos requisitos de qualidade e eficiência e às tendências do mercado. A perenidade do negócio é determinada por um conjunto de fatores exógenos (conjunturais, que se apresentam como ameaças ou oportunidades) e características pessoais do empreendedor, dentre elas: personalidade resiliente para lidar com os riscos, incertezas e oscilações da atividade; visão sistêmica, para perceber do contexto global aos detalhes; visão de futuro e persistência nos objetivos firmados; abertura para mudança de rota, quando necessário; compromisso com as entregas acordadas; habilidade interpessoal para negociar e estabelecer relações de confiança; agilidade na correção de erros e solução de problemas; aprimoramento constante; aprendizado consistente e continuado.

 

 

No Brasil, todos os tipos de empreendedorismo são praticados: (i) o informal, em geral, motivado pelo desemprego ou insuficiência de ganhos regulares, é caracterizado pelo não atendimento às exigências legais (CNPJ e nota fiscal); (ii) o individual pressupõe a formalização como Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) ou Microempreendedor Individual (MEI); (iii) o digital é caracterizado pela oferta de produtos e serviços no ambiente virtual, o eletronic commerce ou e-commerce, que realiza transações B2B (business to business) e B2C (business to consumer), e educação online; (iv) o de franquias (ou franchising) deriva de um acordo comercial entre as partes (franqueador e franqueado) e visa a expansão de uma marca consolidada no mercado, mediante o compromisso de manter o padrão estabelecido (de know-how, produção, distribuição, infraestrutura, etc.); (v) o social, que não prioriza o lucro, visa o desenvolvimento humano e social, em geral, com foco na solução de problemas socioambientais e culturais; (vi) o cooperativo se estabelece a partir da união de esforços de empreendedores para alavancar um projeto ou negócio de interesse comum.

Crescentemente, a internacionalização das empresas atrai a atenção dos governantes e cada país estimula o empreendedorismo à sua maneira, com leis, normas e incentivos próprios. Qualquer das portas de entrada nos mercados internacionais (exportações diretas e indiretas, modelos contratuais, joint ventures e estabelecimento de subsidiárias) enseja vantagens competitivas e riscos. Para mitigar os riscos, autores sugerem a internacionalização gradual iniciada com a exportação e também os investimentos diretos, através da aquisição de negócios que já estejam em funcionamento no exterior (SHARMA; ERRAMILI, 2004; MELIN, 1992; SCHWEIZER et al., 2010, apud LEITE; MORAES, 2013, p. 99). A exportação é a via preferencial da maioria dos empreendedores e há uma tendência de aumento do envolvimento com a exportação, na medida do êxito das transações (SOUZA, 2017), o que remete às desconstruções mencionadas.

 

 

Para os que desejam ingressar no universo do empreendedorismo internacional, é importante saber que há uma farta literatura sobre o tema, diversos cursos de formação e especialização, profissionais e consultorias com expertise no mercado – a escolha é sua!

 


Autores: Josely Nunes-Villela e Thiago Rebello Caetano

Publicado em 03 de Setembro de 2023.

 


REFERÊNCIAS

LEITE, Yákara Vasconcelos Pereira; MORAES, Walter Fernando Araújo de. Facetas do Risco no Empreendedorismo Internacional. RAC, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, art. 6, pp. 96-117, Jan./Fev. 2014.

SOUZA, Crisomar Lobo De. Estratégias de internacionalização: um estudo sobre a influência dos fatores de riscos sobre a estratégia e objetivos estratégicos em empresas brasileiras exportadoras. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, 2017.