A POLÊMICA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA AMAZÔNIA

É compreensível que a extração do petróleo na região amazônica seja percebida como ponte para o desenvolvimento social, já que o Brasil precisa recuperar sua economia e a indústria petrolífera gera empregos e riqueza, incontestavelmente. Mas, precisamos contrapor o pensamento capitalista ultrapassado, que se rende à primazia da exploração fóssil. Antes de ver a política energética se voltar na direção de riscos inevitáveis (emissões que acentuam a ameaça climática e degradações em um bioma de importância global), é importante que os brasileiros saibam dos riscos latentes e lembrem alguns acidentes que causaram sequelas e muita apreensão:

 

    

 

1979 – Derramamento de 454 mil toneladas de petróleo no mar do Golfo do México, ocasionado pelo rompimento da plataforma mexicana Ixtoc, afetando uma área costeira de mais de 1.600 km².

1991 – O maior vazamento de petróleo da história (derrame de 1 milhão e 360 mil toneladas) ocorreu em consequência da Guerra do Golfo, quando as forças iraquianas abriram as válvulas de poços de petróleo e oleodutos, em sua retirada do Kuwait.

2000 – No Brasil, a Petrobras foi responsável pelo derramamento de mais de 1 milhão de litros de óleo, na baía de Guanabara, e cerca de 4 milhões de litros de óleo na bacia do Rio Iguaçu.

2010 – O poço de perfuração da plataforma Deepwater Horizon da companhia britânica British Petroleum (BP) explodiu no Golfo do México, provocando um derrame de petróleo de grande impacto e duração.

 

De lá para cá, a Petrobrás certamente aprimorou seus métodos/tecnologias e ganhou expertise, mas não a ponto de assegurar risco zero em suas operações, porque risco zero não existe! A Ministra Marina Silva sai em defesa de nosso patrimônio natural com toda a razão – sua obstinada cautela nos rende credibilidade com interlocutores e governantes estrangeiros. E, neste momento de transição e discordâncias políticas, sobretudo, é necessário ouvir os cientistas que estudam os efeitos climáticos.

 

 

Nossa Matriz Energética (ME) é sustentável, especialmente em razão da exploração hídrica que é renovável e sua energia considerada limpa (correspondente a 68,1% da ME, segundo EPE, 2017). Porém, segundo esta mesma fonte, a participação das energias solar e eólica se posiciona em 0,01% e 5,4%, respectivamente, embora sol e vento sejam abundantes nas regiões norte e nordeste. Elas não são um achado recente, como a bacia de petróleo descoberta na região amazônica – sempre estiveram à disposição e somos abençoados por estarmos em uma situação geográfica que nos garante abundância desses recursos, não apenas em áreas costeiras ou em território offshore e não apenas nessas regiões. Quanto à irradiação solar, apesar das diferenças climáticas, o Brasil apresenta bom padrão de uniformidade e médias anuais comparativamente altas – a irradiação solar global que incide em qualquer região do território brasileiro (1.500 a 2.500 kWh/m2) é superior à da Alemanha, França e Espanha, países onde o aproveitamento dos recursos solares é expressivo (PEREIRA et al., 2006).

 

   

 

Em suma, estamos no século XXI, com condições climáticas favoráveis e ainda imersos na cultura dos combustíveis fósseis que, além dos desequilíbrios climáticos, têm gerado sucessivas guerras e golpes (?). Melhor seria se optássemos pela economia verde, movida a energias limpas e renováveis, a gerar emprego decente!


Autor: Josely Nunes-Villela

Publicado em 05 de junho de 2023

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